30.4.17

Lidos: Abril (2017)

Abril de 2017 com certeza foi um mês de experiencias, pelo menos no campo de leituras. Terminei um livro que até o goodreads me parabenizou, de tanto tempo que tava parado na estante sendo lido. Li livros sobre felicidade dinamarquesa, sobre sonhadores e uma proza linda (apesar de odiar a edição), li livros em espanhol, ouvi livros enquanto caminhava e revisitei uma das minhas histórias preferidas.




#24 | Alerta de Risco | Neil Gaiman | PT | ★☆☆☆☆
Ícaro! Não é que tenha esquecido todos os nomes. Lembro-me de Ícaro. Voou próximo demais do sol. Entretanto, nas histórias, valeu a pena. Sempre vale a pensa tentar, mesmo quando falahamos, mesmo que você entre em eterna queda livre como um meteoro. Melhor ter ardido na escuridão, ter inspirado outros, ter vivido, do que ter ficado sentado nas trevas, amaldiçoando aqueles que tomaram emprestado sua vela e não a devolveram.
Eu sinto que os livros do Neil Gaiman para mim são ou muito bons ou muito ruins. Acho que essa coletânea de contos reflete bem isso, pois enquanto eu gostei muito de alguns, eu mal consegui terminar (ou entender) os outros. A nota foi proporcional aos contos que eu gostei. Ou seja.
Para ser bem sincera, não li todos. Eu comecei bastante entusiasmada, mas para ter uma ideia, acho que comecei a ler em Novembro do ano passado e só consegui "terminar" agora, pois fui me forçando a ler um por dia (ou por semana de vez em quando).
Eu senti que a maioria dos contos eram ideias jogadas que não faziam muito sentido e que eu não me importava muito. Eu tenho problemas com contos, já falei isso antes, mas senti que esse livro foi bem difícil mesmo.
Tive alguns favoritos: Xique xaque de chocalhos e caso de morte e mel. Sim, só esses. Por isso a 1 estrela.
Sobre um livro de contos: prefiro coisas frágeis, que me pareceu menos espalhado e mais coeso. Ainda quero ler o Smoke and Mirrors, que já falaram que é a melhor coleção dele. Vou ser sincera que depois desse, estou com um pouco de medo.

#25 | The Little Book of Hygge | Meik Wiking | EN | ★★☆☆☆
Would we still feel love if we had no word for it? Of course we would. But what would the world be like if we had no word for marriage? Our words and language shape our hopes and dreams for the future –and our dreams for the future shape how we act today.
Não sei muito bem o que falar desse livro, mas vamos tentar.
O livro fala sobre Hygge, um sentimento/conceito/ato cultural dos dinamarqueses. O conceito da palavra é intraduzível. Ao ler o livro você sabe sobre o que ele está falando, mas não sabe como explicar. Posso tentar, mas se o próprio autor do livro não consegue, não tenho certeza de que vou ser muito melhor.
Hygge é sobre um estilo de vida, uma maneira de ver a vida, torná-la confortável, casual, simples, gostosa, feliz. É sobre aproveitar pequenos momentos com amigos, família ou sozinho. Sobre acender uma vela, ler um livro, tomar um cházinho e aproveitar aqueles momentos de felicidade.
É o melhor que eu consigo fazer.
O livro explica um pouco de todos os elementos que podem tornar sua vida mais hyggeista: velas, cobertores, almofadas, encontro com os amigos, jogos de tabuleiros, fazer e comer o que se gosta e aproveitar a vida num geral. O livro também tem receitas interessantes, fotografias muito bonitas, uma edição linda (li em ebook mas já era bem bonito assim).
Ele faz um paralelo de como a Dinamarca já ganhou muitas vezes o troféu de pessoas mais felizes do mundo. Enquanto eu não tenho certeza se o Hygge pode receber todo crédito, afinal um estado que funciona, ensinos públicos de qualidade, assim como saúde e transporte, e no final até a mentalidade das pessoas que moram lá também são uma grande parte da razão, acho que a mentalidade do hygge é um diferencial que todos aproveitamos, mas talvez não tão culturalmente quanto os dinamarqueses.
Acho que algumas dicas são válidas, pontos que eu tinha pensado, mas não tinha considerado que poderiam influir tanto na minha felicidade. É claro que é difícil ter uma vida mais hygge quando você não mora em uma sociedade que entende isso ou que não está preocupada com o bem estar das outras pessoas. Ainda assim, vale a pena sonhar.
Ele não deu nenhuma informação nova que fez minha cabeça estrelar e falar: isso é genial! Mas valeu pelas histórias culturais da Dinamarca.

#26 | Strange the Dreamer | Laini Taylor | EN | ★★★★★
“You’re a storyteller. Dream up something wild and improbable," she pleaded. "Something beautiful and full of monsters."
“Beautiful and full of monsters?"
“All the best stories are.”
Os livros da Laini Taylor que li até agora, tem o mesmo feeling. Parecem uma colcha de retalhos, aonde ela vai mostrando um pedacinho, depois outro, depois outro. No fim, ela puxa a linha e tudo se junta e você fica com aquela cara de: aaaaaaaah taaaaa.
A história segue Lazlo Strange, um órfão com uma vida dura e que tem um objetivo de vida: descobrir tudo que pode sobre Weep ou The Unseen City, uma cidade misteriosa de histórias que eram contadas para ele quando ele era pequeno até que o seu nome foi roubado (sim, o nome da cidade desapareceu da mente de todos). Ele então sonha com o dia em que poderá ver a magia, afinal apenas magia pode apagar o nome de uma cidade inteira e conhecer sua cidade dos sonhos.
Anos depois, ele tem a oportunidade de ir até esse lugar e ver tudo por si mesmo.
Não tem como falar de um livro dessa autora sem falar da escrita dela. É uma escrita tão bonita, na medida certa, que não consigo nem me explicar direito. Pra mim é no nível da Stiefvater.
Os personagens são muito legais e bem construídos, os livros dela te fazem querer saber sobre todos os personagens, mesmo os secundários, o que não é todo autor que consegue fazer. Gosto como os personagens não são bons ou maus. Eles fazem coisas boas e coisas horríveis e as explicações são convincentes, te deixando encima do muro.
A criação de mundo não é muito bem explicada, mas o livro não precisa de explicações como outros desse tipo para fazer sentido (por exemplo, você precisa entender como os bruxos vivem para que alguns eventos de Harry Potter façam sentido). Acho que nem é o propósito dele.
A narrativa, como eu disse, vai sendo construída aos poucos, alguns eventos aqui, outros ali, talvez pareça arrastada, mas acho que no final tudo faz sentido.
O livro, que acho que faz parte de uma duologia, termina de fazer você querer o próximo agora. (O que é péssimo pois acho que o próximo só ano que vem).
Um adendo: eu comprei o livro pela pré-venda da amazon e achei a edição horrível. As letras são tão grandes que um cego consegue ler. Ai descobri que tem uma edição especial chamada Large Print, que é, sim, Large. Fiquem de olho pois é bem ruim de ler.



#27 | La Sombra Del Viento | Carlos Ruiz Záfon | ES | ★★★★☆
- Este lugar es un misterio, Daniel, un santuario. Cada libro, cada tomo que ves, tiene alma. El alma de quien lo escribió, y el alma de quienes lo leyeron y vivieron y soñaron con él. Cada vez que un libro cambia de manos, cada vez que alguien desliza la mirada por sus páginas, su espíritu crece y se hace fuerte. 
Lembra quando no começo do ano coloquei como meta ler um livro em francês? Então, não aconteceu ainda. Mas posso dizer com todo orgulho do mundo que terminei um livro em espanhol!
(muita comemoração)
Uma historinha: meu pai é argentino mas nós (eu e meu irmão) nunca aprendemos espanhol porque meus pais achavam que a gente ia se confundir muito. Mas por ele falar um português meio enrolado eu sempre entendi bem espanhol (menos quando falam rápido. sério, é impossível). Então eu decidi que leria um livro em espanhol e pá. Cá estamos.
A história do livro fala sobre Daniel Sempere, um menino que mora em Barcelona logo após a guerra civil espanhola, com seu pai. Um dia, seu pai o leva em segredo para a Biblioteca dos Livros Esquecidos e diz para que ele pegue um livro e cuide dele para sempre. Ele escolhe o livro A sombra do vento e o devora. O escritor é Julian Carax, um homem misterioso e meio fracassado, mas cujo os livros são objeto de desejo de uma pessoa muito peculiar e não por um motivo bom: ele deseja queimar todos os livros do autor.
Uma das coisas que sempre falam sobre esse livro é que ele parece uma matrioska, aquelas bonecas russas que vão se abrindo. Isso, com certeza, é uma verdade grande em termos de narrativa: vemos a história não só de Daniel, mas também do próprio Carax, enquanto o protagonista procura os segredos do autor. Vamos descobrindo histórias de todos os personagens, muitas vezes eu ficava de boca aberta, surpresa com o quanto tudo era entrelaçado.
Amei também os paralelos entre a história do Julian Carax e do Daniel, amo essa ideia de histórias e ciclos que se repetem.
A história é um pouco de tudo: tem romance, tem mistério, tem um toque de fantasia. Acho que ela funciona muito bem para o que se propôs. É tudo tão bem narrado e não juntinho que muitas horas eu dava uns berros de QUE? Porque era uns plot twists sem fim que eu achava que estava lendo errado ou não tinha entendido.
Sobre a leitura em espanhol: foi mais difícil do que eu esperava. Me senti lendo em inglês pela primeira vez novamente e lembrei de quanto eu sofri. Por esse motivo, eu demorei mais tempo para ler do que eu normalmente demoro.
E eu senti que precisei me "forçar" a ler. Não que o livro fosse ruim, mas eu me sentia tão cansada depois de ler, que eu evitava pegar esse livro. Quero reler ele.


#28 | Harry Potter and The Sorcerer's Stone | J. K. Rowling | EN | ★★★★★
“The truth." Dumbledore sighed. "It is a beautiful and terrible thing, and should therefore be treated with great caution.
O que falar de Harry Potter? Acho que nessa altura, todos já leram ou viram ou tem uma opinião formada.
Pra mim, reler Harry Potter é sempre um prazer. Eu amo reentrar no mundo criado pela J.K., amo rever personagens que eu sou apegada, amo revisitar Hogwarts.
Nessa releitura, eu prestei atenção em detalhes que me fugiram das outras. É engraçado reler sabendo tudo o que tem pela frente. Continuo achando que sem a Hermione eles tinham morrido no primeiro livro. Aliás, tem uma passagem, de quando eles encontram o troll nas masmorras, que define bem todos os livros: "Harry then did something that was both very brave and very stupid". 
Dessa vez, eu li na minha edição ilustrada (ganho uma a cada Natal!) e foi demais. Acho que ajuda muito que as ilustrações do Jim Kay tem um ar quase mágico, cheia de detalhes, refletindo bem a história. Só poderiam ter mas ilustrações. Ajuda que o texto é integral. Só quero ver o tamanho do tijolo que vai ficar A Ordem da Fenix e O Principe Mestiço.

#29 | The Handmaid's Tale | Margaret Atwood | EN | ★★★★★
Nolite te bastardes carborundorum. Don't let the bastards grind you down.
Além do meu primeiro livro em espanhol, também "li" meu primeiro audiobook.
Eu sempre tive um receio com audiobooks, porque eu me distraio fácil, não consigo prestar atenção e achava que eu não ia ter tempo de ficar ouvindo. A verdade é que no começo é difícil prestar atenção enquanto se faz outras coisas, mas talvez seja o mesmo sentimento quando estamos começando um livro e ainda não "mergulhamos". Depois de me interessar na história, eu ficava tão vidrada que era até perigoso. E sobre o tempo: não tinha ideia de quanto tempo sem fazer nada eu tinha. Entre ir e voltar do trabalho, caminhar e almoçar, etc, li o livro em menos de uma semana.
Isso que eu não me forcei: gosto de ouvir música também e nos dias que não estava afim, eu deixava de lado. Enfim, me animei pra ouvir mais livros!
Uma parte engraçada sobre esse livro: dentro da narrativa, a personagem principal diz que essa é uma história contada e não escrita, pois ela não tem com o que escrever e é proibido que mulheres leiam. Achei uma coincidência legal, estar ouvindo!
Sobre a história:
Aqui acompanhamos Offred (literalmente Of Fred - Do Fred), uma moça que vive como Aia, cujo único trabalho é ter filhos.
Se passa num futuro distópico, não muito no futuro (e pra ser sincera tem umas coisas tão perto da realidade que dá medo) onde um atentado terrorista fez com que a sociedade se feche para um culto religioso e seja completamente reestruturada.
Diferente de algumas outras distopias que li, essa não se passa quando todos já estão inseridos e aceitam, nem se lembrar de como era a sociedade antes daquilo. Offred lembra como era sua vida antes, com seu marido e sua filha, então é muito mais doloroso para ela, lembrar tudo o que ela perdeu e como tudo mudou. Foi interessante.
Foi difícil entrar no mundo, principalmente entender as explicação no começo, acho que principalmente por ser um audiobook. As mulheres são divididas em cores que usam: azul para esposas, verde para Marthas, ou serventes e vermelho para as aias, as handmaids.
Foi estranho ver a Offred, que ao mesmo tempo que se lembra como é ser livre e que deseja isso, também é um pouco doutrinada nessa religião e tem pensamentos contraditórios. Acho que isso é interessante pra quem pensa que seria diferentão e não teria o mesmo pensamento que a maioria.
O livro é muito interessante. Eu me via querendo sair para andar e colocar o fone para ouvir a história, curiosa com a história da Offred.
Os outros personagens são pouco explorados, pois é tudo contado em primeira pessoa e a própria Offred se distancia o máximo possivel da realidade. Ainda assim, temos bons vislumbres de Maura, de Luke, de Serena Joy, do Commander, Nick e até mesmo da Ofglen. Gosto dos livros de primeira pessoa pois ficamos tão perdida quando a protagonista, nos sujeitando a visão dela das coisas.
O final foi muito supre endente pra mim. Quero ler o livro de papel para poder pegar todos os detalhes. E quero muito assistir a série de tv!

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