#68 | Tartarugas até lá embaixo | John Green | PT
Quando vi que o John Green ia lançar um livro depois de muito tempo, não fiquei muito animada. Sempre que limpo minha estante penso em me livrar dos livros (todos) que tenho dele, simplesmente porque não sei se vou relê-los um dia. Ainda assim, não fui capaz de me livrar de nenhum até agora, mas não ia comprar o novo. Porém depois de todas as pessoas que eu sigo em todas as redes sociais falarem que esse é um livro completamente diferente, eu acabei cedendo. E não me arrependi.
Tartarugas até lá embaixo conta a história da Aza Holmes. Ela e sua melhor amiga Daisy descobrem que há um milionário fugitivo e que coincidentemente, Aza foi amiga de um dos filhos dele quando mais nova. As duas então começam a procurar pistas para poder pegar o dinheiro da recompensa.
Essa é a premissa do livro, porém o mais interessante de tudo é a própria Aza, que sofre de TOC e ansiedade, tem diversas crises e está sempre numa espiral de pensamentos.
Acho que sempre dá para perceber quando um livro é escrito por alguém que já vivenciou aquilo que está escrevendo e este é um dos casos. O autor já falou sobre o transtorno obsessivo compulsivo e como ele afeta sua vida e essa vivência transparece no livro. Para mim, que também vivo com ansiedade, é tudo muito palpável. Consegui me relacionar muito com a Aza, com as espirais infinitas de pensamentos, com a falta de conexão com o mundo real, com o sentimento de não estar no controle da sua própria vida.
E mesmo que seja cercado de repteis estranhos, adolescentes presunçosos, bilionários excêntricos, esse livro é, acima de tudo, real. De como viver com uma doença mental é exaustivo, de que um amor não vai curá-la, de que nem sempre é possível estar lá para as pessoas que te amam e que de vez em quando, você e sua doença acabam sendo um fardo para elas. De que a terapia não é fácil e se conectar com seu terapeuta é mais difícil ainda, que remédios não são sempre uma solução e, mais importante, é possível viver com essas doenças.
Foi um livro bem "agridoce" (não gosto muito dessa palavra para descrever, mas enfim). Ele não termina com tudo lindo, doenças curadas, amores novos e sorrisos. É um final bem real e finais reais raramente terminam com tudo bem.
#69 | Sandman - Volume 1 | Neil Gaiman | PT
Finalmente. Estou tentando completar minha coleção de Sandman já faz uns anos, mas estavam esgotadas em todos os lugares. Acabei comprando o volume 4 porque era o único que tinha na intenção de ir comprando aos poucos os outros. No ano passado, durante a bienal, relançaram o primeiro volume e eu acabei achando o terceiro no estande da Panini com super desconto. Só ficou faltando o segundo, que só foi lançado agora no final desse ano. Terminada a minha saga, resolvi ler Sandman. Acho que é o melhor trabalho do Gaiman até agora.
A história acompanha o Sandman, o senhor dos sonhos, que é capturado no lugar de sua irmã, Morte e fica preso por muitos e muitos anos. Enquanto isso, o mundo acaba desandando um pouco e as armas de Morpheus (outro nome dele) são roubadas e espalhadas por ai. Depois que ele consegue se soltar, ele precisa se vingar e recuperar suas coisas.
Achei que a história ia ser grande parte sobre essa jornada em busca das armas dele, mas ela se resolve bem rápido até. Depois achei que as coisas seriam meio episódicas, mas pelo que consegui entender, temos um arco bem maior de história para ser contada.
Não sei nem o que falar: é uma história fantástica! Recomendo que comprem todas as edições, aproveitar que ainda estão em estoque por ai.
#70 | História do Novo Sobrenome | Elena Ferrante | PT
Li o primeiro livro da série Napolitana em janeiro. Fiquei esperando o último livro ser lançado aqui para poder ler tudo de uma vez e comprei em uma promoção da amazon. Só que não peguei imediatamente para ler. Por algum motivo, eu não queria ler naquele momento. Mas acabei pegando para ler em outubro e a leitura se arrastou para novembro. Isso não significa que foi ruim.
A história começa logo após os eventos finais do primeiro livro. Desta vez seguimos Lenu e Lila em suas novas condições - Lenu continuando seus estudos, uma das únicas do bairro e Lila como uma mulher casada. E seguimos as duas até mais ou menos o começo da vida adulta.
Quando eu disse que a leitura se arrastou, não é porque foi ruim ou penosa. Apenas porque esse livro é muito pessoal. Quase sempre eu uso a leitura como um hobby, um escapismo ou uma maneira de aprender coisas novas. Mas aqui quase não havia coisas novas a se aprender. Não era exatamente um hobby e eu não conseguia escapar porque o livro me trouxe para perto demais da minha realidade.
A maneira com que me identifico com Lenu, a narradora da história, é surreal. Acho que talvez por isto que estes livros são tão aclamados por mulheres ao redor do globo: eles mostram a verdade. A verdade sobre relacionamentos entre mulheres, não o pregado pelo feminismo moderno, mas o antigo - aquela relação que navega entre a amizade e o companheirismo até a inveja e o ódio, como um barco bêbado no mar. A verdade sobre casamentos e a cultura machista que ainda está na sociedade e como ela afeta as mulheres, não só as que são vítimas diretas, mas as que propagam pensamentos machistas apenas porque é tudo o que elas já tiveram acesso. Sobre os sacrifícios que precisamos fazer as vezes apenas por sermos mulheres. A verdade sobre aquele lado feio que todos nós temos, mas guardamos a sete chaves dentro de nossas cabeças e quase nunca permitimos que as outras pessoas vejam.
É muito fácil dizer coisas como "Lenu é invejosa" ou "Lila é egoísta". Temos duas mulheres que fazem o que foram ensinadas a vida toda. Elas competem e se amam e se odeiam. Elas rompem amizades e reatam, elas amam homens e os deixam com a mesma rapidez. Aqui aquele lado feio é escancarado por uma narradora sem escrúpulos ou medo de parecer uma mulher "ruim". Estamos acostumadas a mulheres perfeitas ou com defeitos que beiram ao ridículo: perfeccionistas, um pouco depressivas, gostam de cafajestes. Aqui temos um ser humano completo, com pontos bons e ruins. E isso é lindo de se ver.
Porém, ler os pensamentos de Lenu nas páginas era quase como um soco no estômago. Porque além das descrições dos sentimentos, eu também conseguia senti-los. Não só porque fui transportada para dentro do livro, mas porque o livro estava quase se mesclando à minha vida e ao meu passado. Não se sentir a melhor - a mais bonita, a mais inteligente, a mais legal, aceitar qualquer tipo de amor apenas porque acha que não merece nada a mais, ver pessoas que você ama preferirem outra pessoa e ver essa pessoa, que antes não se interessava por esta mesma pessoa, se apaixonar perdidamente por ela.
É tudo tão pessoal que foi difícil passar por essa leitura sem relembrar a vida e sem refletir sobre ela. Ainda assim, ela me trouxe um questionamento. Algumas vezes, durante a leitura, eu pensava "Mas Lenu, porque faz isso? Você não consegue ver?". E depois pensei, "será que eu conseguiria ver?". Talvez todos sejamos cegos na nossa própria história e só conseguimos ver as coisas claramente depois que elas passam. Mas é um lembrete para sempre manter os olhos abertos.
Enquanto eu quero muito ler o resto da série, não sei se é algo que eu consigo fazer agora.
#71 | The Sun and Her Flowers | Rupi Kaur | EN
Li o outro livro da Rupi Kaur no começo deste ano e gostei bastante. Foi uma alegria grande poder falar que eu estava lendo e entendendo poesia. E esse livro lançou e claro que fui ler também.
Aqui a "estética" dos poemas segue a mesma linha - frases simples e bonitas, sem muita métrica e outras coisas que aprendemos na aula de português quando somos mais novos.
Tem gente que chama esse estilo de novo, algo como a poesia da nossa geração, enquanto outros chamam de frases mal pontuadas. Cada um atira a pedra onde quiser. Pessoalmente eu gosto muito.
Enquanto o outro livro falava mais sobre amor e relacionamentos, este também dá uma grande abertura para o amor, mas para relacionamentos mais gerais - amizade e família também estão incluídos, inclusive focando bastante na história da mãe da Rupi, que é imigrante. Aliás toda essa questão de imigrantes e refugiados é abordada.
#72 | As Três Marias | Raquel de Queiroz | PT
Esse foi meu segundo livro da TAG, mas o primeiro que eu li. Por coincidência, terminei no dia do aniversário da autora e no mesmo dia que Mario escreveu sobre o livro em 19...
O livro acompanha Guta, a Maria Augusta, uma menina que entra em uma escola de freiras após a morte da mãe. Lá ela encontra duas meninas que se tornarão suas amigas: Maria da Graça e Maria Jesus.
A verdade é que eu não sei bem se gostei do livro. Achei bem triste tudo sobre a Guta, mas também não me senti triste por ela. Eu não consegui me conectar muito bem, parte pelas personagens distantes e parte pela escrita.
#73 | O Milagre da Manhã | Hal Elrod | PT
Vi sobre esse livro no canal da Fran e resolvi ler por completo, fazia tempo que não lia uma não-ficção.
O autor fala sobre como começou uma rotina, que é utilizada por várias celebridades e pessoas ricas e prósperas, e como essa rotina melhorou a vida dele e o fez dar a volta por cima.
Estou tentando ler mais livros de "auto aperfeiçoamento" (ou auto ajuda) sem revirar os olhos ou sentir vergonha. Não sei de onde veio esse pré-conceito que a maioria dos leitores "de verdade" tem com auto ajuda e por acaso eu absorvi. Acho que qualquer leitura é válida e estou sempre tentando tirar algo de tudo que eu leio, desde um livro de filosofia até artigo no buzzfeed sobre as kardashians.
E nesse achei bem interessante. Ele diz que, todas as manhãs, você deveria: fazer exercícios físicos, ler, escrever (em um diário), fazer visualizações sobre sua vida, fazer afirmações positivas e meditar (ou uma atividade silenciosa como oração).
Implementei isso em alguns dias e fiquei muito surpresa com o resultado. Produzi bem mais que o normal e quando estou indo para o trabalho me sinto bem mais acordada que antes.
Ainda estou tentando driblar o sono de manhã, mas pretendo fazer isso todos os dias.
E é isso ai. Estou pensando numa maneira diferente de fazer isso no ano que vem e estou me empolgando
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