Adoro fazer coisas temáticas, mesmo que sozinha. Em março resolvi ler só mulheres e agora em outubro resolvi ler livros de terror, crimes e "assustadores". Li quatro livros (tinha me proposto a ler também Frankenstein e Misery, que estão parados aqui, mas não terminei) com essa proposta e um quinto porque quem escreveu foi a Maggie Stiefvater. Li também o maior livro que eu já li na vida.
#63 | The Language of Thorns | Leigh Bardugo | EN
“This goes to show you that sometimes the unseen is not to be feared and that those meant to love us most are not always ones who do.”Comecei esse mês por esse livro que é uma coleção de contos-fábulas da Leigh Bardugo, mais precisamente do universo Grisha, que os livros dela se passam. Não é necessário ler nenhum outro livro dela para entender esse.
São seis histórias, todas com um toque de conto de fadas sombrio. Elas são de diferentes partes do mundo e tem haver com aquela região (então uma região marítima tem lendas sobre seres marítimos). E as ilustrações. Elas vão preenchendo a página conforma a história avança e são tão lindas e cheias de detalhes que dá vontade de colocar na parede.
Sobre as histórias: elas tem um quê de conto de fadas e até dá para traçar um viés com nossos contos de fadas. A Bela e a Fera, João e Maria, A Pequena Sereia (só consigo pensar em ah que pena seria) são alguns que dá pra lembrar. Só que tudo isso com um toque meio macabro e lições completamente diferentes das originais. Adorei.
A escrita da autora continua melhorando a cada livro que ela lança. Estou ansiosa para os próximos lançamentos dela.
#64 | Assassinato no Expresso do Oriente | Agatha Christie | PT
"O impossível não pode ter acontecido, então o impossível deve ser possível apesar de todas as aparências. "Esse era o último livro que eu tinha da Agatha Christie para ler na minha estante e com certeza foi o melhor que eu li. Acho que esse e o "E Não Sobrou Nenhum" são os dois melhores livros dela que eu li, seguidos de longe pelos outros. A mulher realmente merecia os títulos de rainha do crime. Vou pesquisar outros livros dela para ler.
Aqui temos outra aventura de Hercule Poirot, dessa vez um caso não solicitado. Enquanto ele faz uma viajem no famoso Expresso do Oriente a caminho da Europa, um assassinato é cometido enquanto o trem está parado por conta da neve, e ele acaba tendo que dar um jeito de solucionar o caso antes de chegarem na fronteira.
O número de personagens desse livro foi grande, mas por sorte tem um mapinha com lugares do trem, nome de personagens e ocupações, então era só dar uma olhadinha quando eu me perdia.
Eu adoro ler sobre romances policiais porque eu nunca acerto quem é o assassino. Eu sempre mudo de ideia a cada pista nova e dessa vez não foi diferente. Mas foi. Só quem ler o livro vai entender mais ou menos. Se você quiser ler um livro da Agatha Christie, recomendo esse com certeza. Vi que vai ser lançado um filme, mas pelo trailer parece bem diferente do livro. E tem o Johnny Depp (ugh). Ou seja, acho que não vou ver.
#65 | A Classic Crime Collection | Edgar Allan Poe | EN
Depois li uma coletânia de contos e poemas do Poe. Para ser sincera, não foi tão bom quanto eu esperava. Acho que entender poemas em inglês, ainda mais com uma linguagem mais antiga, foi bem difícil e ainda não foi pra mim.
Já alguns contos foram meio "ok"? Já tinha lido outros contos do Poe de uma edição antiga da minha mãe, mas não me lembrava o quão creepy o autor consegue ser. Não acho nem assustador, é uma coisa que você olha e pensa "esse cara com certeza tem alguns probleminhas na cabeça". Está muito mais para macabro do que para medonho.
Queria a edição da darkside para comparações (claro haha). #mepatrocina
#66 | IT - A Coisa | Stephen King | PT
- Você sempre fala com bueiros, moço? - perguntou o garoto.Tinha esse livro aqui desde o ano passado. Passando pela livraria do shopping um dia, vi que esse livro estava em promoção e acabei comprando. Cheguei em casa super animada para ler e li o prólogo, onde o pequeno Georgie tem seu encontro fatal com A Coisa dentro do bueiro. Calmamente coloquei o livro de volta na estante e só voltei a tirá-lo para eventuais limpezas. Mas esse ano, depois de ver o filme, decidi tentar ler o livro. É claro que uma das coisas que me impediam de ler era o tema: sou muito medrosa e fico remoendo aquilo por dias sem conseguir levantar de madrugada para ir no banheiro. E o outro fator, é claro, foi o tamanho. MIL E CEM páginas. E eu achando que Anna Karenina tinha sido longo. Só que ao contrario de Anna Karenina, essas mil e cem páginas não são tão pesadas.
- Só em Derry - disse Bill.
Talvez todos saibam a sinopse, mas lá vai: Na cidade de Derry coisas muito bizarras acontecem. Muitas crianças somem e tem mortes terríveis, entre eles, o irmãozinho de Bill Gago, Georgie. Ele e seus amigos são constantemente visitados por uma Coisa, algo que assume a forma do medo das crianças e as mata. Vinte e sete anos depois o ciclo de matanças começa novamente. Bill e o resto da clube dos otários precisa voltar a Derry e cumprir o pacto que fez de impedir a Coisa.
O livro vai alternando entre a versão adulta e a infantil de nossos protagonistas, entre a primeira vez que encontram A Coisa e quase trinta anos depois, quando precisam enfrentá-la novamente.
Acho que por ter visto o filme, que é só a parte da infância, achei fácil de identificar os personagens. Aliás, a primeira parte começa na vida adulta, e foi interessante ver como aquelas crianças do filme e suas vivencias tinham se transformado em pessoas crescidas.
O livro não foi tão assustador quanto eu esperava. Ou melhor, a Coisa nem é a parte mais assustadora desse livro e sim toda a situação daquela cidadezinha e dos personagens. Homofobia, racismo, preconceitos, bullying (do tipo pesadíssimo).. Enfim, são coisas que te pegam de surpresa e assustam mais do que um monstro (quando você é adulto).
A história toda é muito legal, você se sente parte do grupo e sente medo por eles e quer descobrir as coisas junto com eles. A escrita do Stephen King é muito boa. Muito mesmo. Ele tem um talento para escrever diálogos que é inacreditável. Ele realmente é um ótimo escritor e as mais de mil páginas não são difíceis de ler.
Porém achei que a resolução ficou meio bosta. O "Sobre a escrita", o Stephen King diz que não planeja os livros, que apenas senta e escreve e não gosta da ideia de planejar o que vai acontecer numa história. Sinceramente? Acho besteira, principalmente porque acontecem essas coisas onde o final fica meio sem pé nem cabeça. E falando no final desse livro, tem uma cena MUITO tensa mesmo, não de medo, mas de nojo. Não sei como um editor leu esse livro até o final e pensou "nossa, essa cena foi totalmente necessária e nem um pouco inapropriada, acho que deu a medida certa nesse livro". Se você já leu você sabe qual que é (e se não leu e quer saber, é só procurar por "that it book scene" que você fica sabendo). Talvez se o King sentasse e planejasse bem o final e a resolução não ia ser tão ruim o final, o que é bem triste porque a qualidade da escrita e da história é muito boa.
#67 | All The Crooked Saints | Maggie Stiefvater | EN
“I was looking for a miracle, but I got a story instead, and sometimes those are the same thing.”Desde que a Maggie - muito intimas - disse que iria lançar esse livro, fiquei me coçando para comprar. The Raven Cycle é uma das minhas séries preferidas de todos os tempos e a escrita da autora é uma delicia.
O livro conta a história do povoado de Bicho Raro - o lar da família Soria. Os Sorias são uma familia um pouco diferente: fugidos do México, eles encontraram Bicho Raro e realizam milagres nos peregrinos que os buscam. Um dos membros da família, o Santo, recebe estas pessoas que desejam de livrar de sua escuridão e então realiza o milagre. Porém o milagre, na verdade, são dois. O primeiro milagre, feito pelo Santo, realiza mudanças físicas na pessoa e na maioria das vezes não é o que se espera. Então a pessoa precisa entender aquilo e seguir em frente, realizando seu próprio milagre.
Esse primeiro milagre tem haver com os medos e com a "escuridão" desta pessoa. E eles vão desde coisas "óbvias", como o padre atraído por meninas novas que fica com a cabeça de lobo, ou o locutor de rádio que odeia sua fama e tem medo de ser visto comendo, ficar com seis metros de altura, até outros mais misteriosos, como a menina que tem borboletas no vestido que não conseguem voar porque estão muito molhadas da chuva que caí constantemente sobre a mesma menina.
Seja como for, muitos desses peregrinos passam anos ali, sem conseguir realizar o segundo milagre. Os Soria, perseguidos por uma maldição que diz que se ajudarem os peregrinos, direta ou indiretamente, terão suas próprias "escuridões" mostradas para eles, os ignoram e continuam suas vidas complicadas.
Eu adorei os personagens. Os três primos "principais": Joaquin "Diablo Diablo", Beatriz "a menina sem coração" e Daniel, o Santo atual, são muito legais, mas apenas os dois últimos são mais explorados. Temos também Pete, talvez a única pessoa que vai até Bicho Raro sem procurar um milagre.
Esse livro estava causando um pequeno alvoroço antes mesmo de ser lançado. Estou começando a pegar um ranço o Goodreads e do Tumblr, porque quase sempre as pessoas fazem muito alvoroço sem nem saber direito sobre o que. A polemica em questão é a talvez "apropriação cultural" que a autora teria feito da história de mexicanos por não ser mexicana.
Creio que não foi uma apropriação cultural, mesmo sendo latina, mas eu entendo porque algumas pessoas ficariam chateadas. Acho que no geral, essa decisão de escrever uma história sobre latinos, apenas deixou a história meio rasa. Há coisas sobre culturas que não dá para ser entendida depois de ler alguns livros. É preciso vivenciar as coisas para talvez entender. E, durante a leitura, eu não senti esse entendimento, essa profundidade.
A autora poderia ter contado a história com uma família de outra cultura e acho que seria mais significativo - afinal toda cultura tem suas versões de milagres e santos. E no final, a conclusão da história ficou meio apressada.
Me senti meio frustrada porque estava com expectativas altíssimas para este livro. A história segue um rumo legal, mas não foi nada que eu achasse espetacular.
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