3.8.18

keep marching on

(ou: sobre saber das suas próprias limitações)

Alguns meses atrás eu ia escrever como esse ano estava sendo difícil. Minha cachorra adoeceu (muito), tivemos que ficar cuidando dela e dando comida na boca, carregando de um lado para o outro com visitas quase diárias à veterinária. Minha cachorra cresceu comigo - ficou comigo por mais da metade da minha vida. Foi muito difícil dizer adeus. Foi muito difícil levá-la aquela ultima vez, quando já sabíamos que não ia ser possível voltar com ela.

No meio disso tudo, um tio meu bem próximo estava em sua casa uma noite, disse "que dor de cabeça" e puff, caiu no chão. Depois de duas semanas em coma no hospital disseram que havia morte cerebral.

Isso são coisas da vida - são difíceis. Eu fiz uma das melhores viagens da minha vida, conheci lugares incríveis.

E um dia depois que voltei recebi a noticia que minha mãe tem câncer. Incurável. A médica tem esperança que é possível reverter a ponto de conviver e levar uma vida normal. Mas não tem cura.

Parece que desde o ano passado eu estou vivendo em "desventuras em série", mas sem um vilão mascarado querendo minha fortuna, só a parte das desgraças mesmo.

E mesmo com tudo isso, eu estou bem. Minha terapeuta disse que eu estou me mantendo ativa - cuidando da casa, fazendo comida, trabalhando, lendo - isso é mais importante porque eu me mantenho ocupada. E assim eu não tenho tempo de cair.

É claro que eu caio. Um dia ou outro eu não consigo dormir pensando em como as coisas estão. E eu choro muito. Eu quero chorar agora mesmo escrevendo essa linha. Mas não é sempre que a gente pode chorar.

Eu tinha decidido, apesar de tudo, fazer o BEDA esse ano. Eu fiz uma programação com todos os posts, planejamento, fotos que eu precisava tirar, coisas que eu precisava editar. Quase uma blogueira profissional. Eu cheguei até a programas posts.

Ai no dia 30 de Julho, precisei levar minha mãe no médico. Passamos o dia inteiro lá e eu cheguei exausta. Na minha visita para a terapeuta, disse que eu não estava conseguindo realizar meus projetos. E ela me disse que eu precisava conhecer minhas limitações e ser mais leve comigo mesma. Essa não era a hora para criar mil coisas porque eu só ia ficar frustrada. Eu não tinha muito tempo livre e o pouco tempo que eu tinha, eu precisava usar como eu precisasse. Se eu quisesse ir dormir, eu precisava escutar o corpo e dormir. Sem me culpar por não ser produtiva, por não estar fazendo nada.

Pensei em quantas vezes na minha vida eu não estava numa época conturbada mas eu sentia que precisava fazer tudo - exercício, ler, ver filmes, ser sociável, ter boas notas, ser ótima no trabalho.

Eu tinha planos enormes para esse ano e nenhum deles vai se realizar. Eu estou ficando bem com isso. Eu consigo viver um dia de cada vez. E quando tudo estabilizar, para o bem ou para o mal, eu vou ter que descobrir como viver com minha realidade. Lembrei dessa frase de We Are The Ants:
“We may not get to choose how we die, but we can chose how we live.
The universe may forget us, but it doesn't matter. Because we are the ants, and we'll keep marching on.”
E isso é para lembrar para mim mesma que tudo bem não cumprir tudo. Não preciso criar metas imaginárias na minha cabeça e não preciso me sentir mal se não as cumprir.

Isso tudo para dizer: não vai ter BEDA, mas vai ter alguns posts. Quero editar minhas fotos da Itália antes que eu deixe guardado para sempre e elas nunca vejam a luz do dia. Quero falar sobre alguma coisa, qualquer coisa. A vida não parou por conta de tudo - só para quando a gente morre. We'll keep marching on.

Um comentário

  1. Não conhecia seu blog, e ser apresentada a ele com esse post me deixou bem, porque afinal mostrou que existe uma pessoa de verdade escrevendo por trás dessa tela, e gosto muito de encontrar nos outros todas as pequenices que nos fazem tão grande.
    Realmente não sei o que dizer sobre tudo o que tem acontecido com você, mas te desejo força do fundinho do meu coração. Espero que isso tudo não te engula e você consiga manter a vida caminhando, apesar das desventuras.
    Abraços quentinhos!

    Limonada (antigo Novembro Inconstante)

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