13.1.18

Don't wake me, I'm not dreaming

SOBRE 2017

2017 foi um ano de crescimento absurdo para mim. Isso pode ser uma coisa boa ou ruim. Comecei 2017 recém saída da faculdade (no qual o diploma eu AINDA não recebi, mas essa reclamação fica para outra hora), de branco (com a mesma blusa com que eu escrevo esse post, não que isso faça alguma diferença) e na casa de uma amiga.

Talvez eu possa dizer que 2017 tenha sido o pior ano da minha vida. Perdi pessoas queridas, tive que ser muito forte por muitas pessoas, tive que amadurecer na força.

Se amadurecimento fosse uma piscina, eu teria sido aquela pessoa que está com as perninhas na água e de repente aparece um babaca que te empurra para dentro com tudo. Eu caí lá dentro, engoli um pouco de água e por um segundo achei que ia me afogar. Mas no final cheguei na superfície e consegui respirar. Essa repetição de afoga-respira-tenta nadar para fora foi mais ou menos o meu ano. Bem legal, não?

Teve muitos dias onde eu não queria mais viver. Isso é dramático demais. Talvez seja melhor: teve muitos dias onde eu só queria chorar e possivelmente morrer. Teve muitos dias onde ser forte pelos outros foi a única coisa que me fazia levantar da cama. Teve dias onde eu bebi muito e vomitei e chorei no meio das festas (linda a imagem, eu sei). Teve dias onde eu dirigi enquanto eu me debulhava em lágrimas. Teve dias em que precisei encostar o carro para chorar. Teve dias onde eu passei deitada na cama, lendo ou vendo alguma série, porque a vida era demais para mim.

Eu queria poder dizer que era tudo um plano para que eu aprendesse algumas coisas - eu aprendi, mas não acho que o Universo (com letra maiúscula) se importe muito comigo a ponto de me ensinar lições. Aliás essa foi a lição mais importante que eu aprendi: as coisas acontecem. Não tem nada haver com lições do universo como num livro, com crescimento e desenvolvimento de personagens. As coisas simplesmente vão acontecer, quer você esteja preparada para lidar com elas ou não.

Você pode chorar, espernear, mas isso não muda o fato de que as coisas acontecem porque vão acontecer. Você pode tentar tirar alguma coisa daquilo (sempre tento, afinal se a situação já foi 100% merda é bom tentar ser Poliana Safadão e transformar pelo menos 1% em algo bom) ou não.

Então algumas coisas que eu aprendi depois de refletir sobre esse ano:

Fazer terapia foi a melhor coisa que eu fiz esse ano, foi uma das coisas que mais me ajudou a aguentar esse ano. Cuidar de si mesmo não é algo errado e egoísta. Agradeço às pessoas que me ajudaram nessa decisão e agradeço também a Isa, que compartilhou esse post e me ajudou muito! Acho que nunca agradeci a ela por isso.

Cuidar do seu corpo e da sua aparência é muito importante. Não é algo que eu fazia com frequência e algo que eu abandonei no começo do ano passado, mas estou voltando a cuidar de mim mesma e me amar mais. Também: cuidar bem do corpo com exercícios e comida de verdade é importante para o seu corpo não te odiar e te sabotar.

Preciso de muito menos coisas do que eu desejo. Apesar de não ter concluído meu buying ban, eu percebi que minha relação com meu dinheiro era no mínimo, complicada. Esse ano quero mudar muito minha relação com o dinheiro.



12 LIVROS PARA 2018



Resolvi fazer essa lista mais como uma guia. São uma mistura de livros que eu queria muito ler mas acabei abandonando, que sempre postergo a leitura por saber que o livro trata de assuntos pesados, livros que estou muito curiosa. Enfim, uma pequena lista de livros para ler nesse ano:

1. O Xará - Jhumpa Lahiri
2. Crime e Castigo - Fiódor Dostoiévski
3. Toda Luz que Não podemos ver - Anthony Doerr
4. A História Secreta - Donna Tartt
5. Em Busca de Watership Down - Richard Adams
6. Uma Vida Pequena - Hanya Yanaguihara
7. Mansfield Park - Jane Austen
8. O Corcunda de Notre Dame - Victor Hugo
9.  O Mestre e Margarida - Mikhail Bulgarov
10. Volta ao mundo em 80 dias - Jules Verne
11. Mrs. Dalloway - Virginia Woolf
12. A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert - Joel Dicker

Fora isso não tenho muitas metas para as leituras. Quero me manter no meu limite, sem comprar mil livros sem necessidade. Queria muito diminuir os livros que eu tenho sem ler e terminar algumas séries. Quero continuar meu projeto de ler livros do mundo inteiro. Mas não quero colocar um número (apesar de acabar de ter feito isso agora mesmo). Ano passado li muitos livros que me fizeram refletir bastante, querer sair por ai conversando sobre os livros e teorias e o que significava a tal da cortina azul. Quero ler mais livros assim esse ano.

OUTRAS METAS


Minhas outras metas incluem:

- Investir dinheiro todos os meses (e ficar RICA)
- Fazer mais exercícios (3 vezes na semana, pelo menos)
- Comer mais saudável (descobri que meu corpo não me odeia quando eu não trato ele mal e encho de porcarias)
- Escrever mais (diários, contos, aqui no blog, nas paredes (mentira))
- Diminuir lixo produzido e o consumo
- Diminuir o consumo de carne
- Meditar todos os dias
- Tirar o dente do siso (metas da vida real gente)
- Aprender a costurar
- Aprender a andar de bicicleta
- Postar mais aqui. Sempre fico querendo postar um monte de coisa, mas ai não tenho fotos legais ou acho que não vai combinar com o blog. No fim isso aqui é meu, vou escrever mais. (alguém disse participar do beda? sai correndo)


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E também: layout novo! Eu troco layout a cada mês, eu sei, mas nunca fico muito contente com os layouts - já perdi a prática da coisa. Ai que fuçando pela internet, achei o blog da Gabi e no finalzinho do ano ela postou um template para blogger freebie MUITO legal. É claro que eu modifiquei um monte de coisa (gosto mais de ver os posts inteiros). Se ficou meio cagado é 100% minha culpa, porque o layout original era perfeito.

Dessa vez eu tentei deixar tudo como eu queria e acho que deu certo. Outra meta: não trocar de layout esse ano pode ser????

11.1.18

Lidos: Dezembro (2017)

Meu objetivo era postar isso logo no final de Dezembro, mas as férias e o cansaço venceram, acabei deixando para o começo desse ano. Li quatro livros no mês - uma HQ muito boa e o melhor livro da minha vida.



#74 | Y: O Ultimo Homem Volume 4Brian K. Vaughan | PT
   A cada volume que eu leio dessa HQ eu penso em como ela não pode ficar melhor e em como ela sempre fica. Esse volume focou muito mais nas companheiras do Yorick, o que me fez muito feliz. Descobrimos coisas do passado das duas. A agente 355 se abre sobre sua familia e o que a levou a se tornar uma agente numa agencia secreta. A Dra. Mann também ganha a história familiar e descobrimos mais sobre aquele experimento que ela comentou nas edições anteriores.
   Estou meio triste que este o próximo é o ultimo volume. Quando pegar a próxima, vou reler tudo!




#75 | The Fifth SeasonN.K. Jemisin | EN
“For all those that have to fight for the respect that everyone else is given without question.”
   O mundo vai acabar. Três coisas acontecem: uma mulher tem seu filho brutalmente assassinado pelo marido, a maior cidade do império é destruída e uma fenda se abre por todo o continente, jogando cinzas que escurecem o céu por anos.
   A mulher, Essun, é uma Orogene, um tipo de pessoa que pode utilizar poderes da terra, "puxando" a energia de coisas vivas para utilizar poderes. Também seguimos outros dois pontos de vista: Syenite, uma orogene que está no Fulcrum, a organização que estas pessoas tem para serem mantidas na linha e precisa fazer algo bem desagradável. E Dayama, uma menina de pais "normais" que descobre ser Orogene em um ataque de raiva e é levada por um dos guardiões.
   Esse livro é bem difícil no começo. Essas informações que eu falei ai encima são espalhadas pelas primeiras 100 páginas. A autora te joga no meio da história e além de entender o que está acontecendo, você precisa entender também o mundo e as protagonistas dos livros e seus passados. E isso é bem complicado. Não me surpreendo se muita gente desistir desse livro antes de chegar nas 150 páginas, quando você já está meio que habituado a tudo e consegue seguir a história.
   A autora aborda preconceitos - os Orogenes são perseguidos e controlados, religião - os sacerdotes carregam escrituras sagradas que falam sobre como as pessoas tem que viver e porque os orogenes são maus, um castigo do Pai Terra, sexualidade, abuso e muitas outras coisas. Definitivamente não acho que é um livro YA. Acho que é um paralelo nada sutil com a escravidão, principalmente nos estados unidos. Os próprios Orogenes são chamados (ou xingados) de rogga, que me pareceu muito a palavra nigga (do inglês é uma expressão preconceituosa com negros).
   Me apeguei bastante a Syenite. Acho que ela é a personagem que mais aparece e tem um ponto de vista "normal" na terceira pessoa. Isso porque a Essun, que está traumatizada depois de perder o filho, tem um ponto de vista um pouco diferente - escrito na terceira pessoa, na forma de "você", porém misturado com a primeira pessoa. Isso acabou afastando um pouco a minha leitura dela e foi bem complicado, mas creio ser bem proposital para mostrar a confusão mental da mulher. Aliás depois de um tempo dá para perceber que as narrativas não estão no mesmo período e quando elas se juntam você fica de cara no chão (ou eu fiquei pelo menos!).
   Aqui temos representação: quase todos os personagens são negros e temos diversas orientações sexuais. Nós temos diversas formas de amor. E a hora que todas as histórias se encaixam são demais! Fiz a cara do Andy de Parks and Recs no final.

#76 | O Assassinato de Roger AckroydAgatha Christie | PT
“The truth, however ugly in itself, is always curious and beautiful to seekers after it.”
    Quis ler um pouco de Agatha Christie e sempre que eu buscava por melhores livros apareciam os mais famosos: O Assassinato no Expresso do Oriente e E Não Sobrou Nenhum. Esse terceiro livro sempre estava acompanhando os outros dois em qualquer lista que eu peguei. Então, aproveitando minhas férias de final de ano, resolvi pegar para ler (nada melhor que um livro de mistério para te acompanhar na praia).
   Para minha surpresa, acertei o/a assassino/a! Acho que minha paranoia é tão grande que quando os autores descrevem qualquer coisa eu já fico pensando se isso é relevante para a história. O mais engraçado é que isso não funciona quando o assassino é muito óbvio - eu sempre penso que é óbvio demais e acabo criando explicações na minha cabeça cuja probabilidade é minima.
   Sobre o livro: merece sua posição nas listas.


#77 | Cem Anos de SolidãoGabriel Garcia Marquez | PT
Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o Coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo.
   Ai entramos no melhor livro que eu li na minha vida. Para ser sincera, minha maior vontade depois de fechar o livro quando eu terminei foi reabrir na primeira página e ler tudo novamente. Só não o fiz porque eu queria ter uma caderno e uma caneta, anotar coisas nas bordas e marcar passagens. A verdade é que esse livro é incrível. Merece cada premio que recebeu, cada resenha positiva, cada palavra escrita sobre ele.
   Acompanhamos não um só personagem principal, mas toda a estirpe da família Buendia, desde a chegada de seus primeiros membros em Macondo até a decadência e fim deles. Esse é o livro que "fundou" o gênero de realismo mágico, denominação que o próprio autor não gostava muito. Segundo ele, não tinha nada mágico sobre essa história: era apenas a maneira como algumas pessoas viviam a realidade.
   Esse livro me fez refletir muito como ser latino americano influenciou na minha experiencia de leitura. E isso, de cada um interpretar a realidade de uma maneira diferente é a mais pura verdade. Meu pai é argentino e quando estávamos voltando da viagem de fim de ano, ele nos contou como há um lugar perto de onde ele nasceu, um deserto, onde há um santuário para uma mulher que, segundo as lendas, morreu atravessando o deserto enquanto estava com um bebê, mas ela conseguiu alimentar seu filho com leite mesmo depois de morta e ele sobreviveu. E que as pessoas sempre levam coisas para esse santuário, mas que se roubam as oferendas, algo dá errado e a pessoa não consegue ir embora. Então quando os ônibus estão saindo e não conseguem dar partida, os motoristas dizem que não vão sair até devolverem o que roubaram. Talvez algumas pessoas achem isso uma fantasia - poderia ser - mas para o povo de lá isso é a realidade normal de todos os dias.
   Só sei que quero ler tudo que esse homem escreveu e ler muitas coisas de realismo mágico.

7.1.18

Lidos: Novembro (2017)

Esse é o mês onde bati minha meta de livros para ler esse ano. Estou repensando toda a minha relação com os livros e metas (a Ariel Bisset colocou um vídeo muito legal sobre como a leitura se tornou uma competição).




#68 | Tartarugas até lá embaixo | John Green | PT
   Quando vi que o John Green ia lançar um livro depois de muito tempo, não fiquei muito animada. Sempre que limpo minha estante penso em me livrar dos livros (todos) que tenho dele, simplesmente porque não sei se vou relê-los um dia. Ainda assim, não fui capaz de me livrar de nenhum até agora, mas não ia comprar o novo. Porém depois de todas as pessoas que eu sigo em todas as redes sociais falarem que esse é um livro completamente diferente, eu acabei cedendo. E não me arrependi.
   Tartarugas até lá embaixo conta a história da Aza Holmes. Ela e sua melhor amiga Daisy descobrem que há um milionário fugitivo e que coincidentemente, Aza foi amiga de um dos filhos dele quando mais nova. As duas então começam a procurar pistas para poder pegar o dinheiro da recompensa.
   Essa é a premissa do livro, porém o mais interessante de tudo é a própria Aza, que sofre de TOC e ansiedade, tem diversas crises e está sempre numa espiral de pensamentos.
   Acho que sempre dá para perceber quando um livro é escrito por alguém que já vivenciou aquilo que está escrevendo e este é um dos casos. O autor já falou sobre o transtorno obsessivo compulsivo e como ele afeta sua vida e essa vivência transparece no livro. Para mim, que também vivo com ansiedade, é tudo muito palpável. Consegui me relacionar muito com a Aza, com as espirais infinitas de pensamentos, com a falta de conexão com o mundo real, com o sentimento de não estar no controle da sua própria vida.
   E mesmo que seja cercado de repteis estranhos, adolescentes presunçosos, bilionários excêntricos, esse livro é, acima de tudo, real. De como viver com uma doença mental é exaustivo, de que um amor não vai curá-la, de que nem sempre é possível estar lá para as pessoas que te amam e que de vez em quando, você e sua doença acabam sendo um fardo para elas. De que a terapia não é fácil e se conectar com seu terapeuta é mais difícil ainda, que remédios não são sempre uma solução e, mais importante, é possível viver com essas doenças.
   Foi um livro bem "agridoce" (não gosto muito dessa palavra para descrever, mas enfim). Ele não termina com tudo lindo, doenças curadas, amores novos e sorrisos. É um final bem real e finais reais raramente terminam com tudo bem.

#69 | Sandman - Volume 1Neil Gaiman | PT
   Finalmente. Estou tentando completar minha coleção de Sandman já faz uns anos, mas estavam esgotadas em todos os lugares. Acabei comprando o volume 4 porque era o único que tinha na intenção de ir comprando aos poucos os outros. No ano passado, durante a bienal, relançaram o primeiro volume e eu acabei achando o terceiro no estande da Panini com super desconto. Só ficou faltando o segundo, que só foi lançado agora no final desse ano. Terminada a minha saga, resolvi ler Sandman. Acho que é o melhor trabalho do Gaiman até agora.
   A história acompanha o Sandman, o senhor dos sonhos, que é capturado no lugar de sua irmã, Morte e fica preso por muitos e muitos anos. Enquanto isso, o mundo acaba desandando um pouco e as armas de Morpheus (outro nome dele) são roubadas e espalhadas por ai. Depois que ele consegue se soltar, ele precisa se vingar e recuperar suas coisas.
   Achei que a história ia ser grande parte sobre essa jornada em busca das armas dele, mas ela se resolve bem rápido até. Depois achei que as coisas seriam meio episódicas, mas pelo que consegui entender, temos um arco bem maior de história para ser contada.
   Não sei nem o que falar: é uma história fantástica! Recomendo que comprem todas as edições, aproveitar que ainda estão em estoque por ai.



#70 | História do Novo SobrenomeElena Ferrante | PT
   Li o primeiro livro da série Napolitana em janeiro. Fiquei esperando o último livro ser lançado aqui para poder ler tudo de uma vez e comprei em uma promoção da amazon. Só que não peguei imediatamente para ler. Por algum motivo, eu não queria ler naquele momento. Mas acabei pegando para ler em outubro e a leitura se arrastou para novembro. Isso não significa que foi ruim.
   A história começa logo após os eventos finais do primeiro livro. Desta vez seguimos Lenu e Lila em suas novas condições - Lenu continuando seus estudos, uma das únicas do bairro e Lila como uma mulher casada. E seguimos as duas até mais ou menos o começo da vida adulta.
   Quando eu disse que a leitura se arrastou, não é porque foi ruim ou penosa. Apenas porque esse livro é muito pessoal. Quase sempre eu uso a leitura como um hobby, um escapismo ou uma maneira de aprender coisas novas. Mas aqui quase não havia coisas novas a se aprender. Não era exatamente um hobby e eu não conseguia escapar porque o livro me trouxe para perto demais da minha realidade.
   A maneira com que me identifico com Lenu, a narradora da história, é surreal. Acho que talvez por isto que estes livros são tão aclamados por mulheres ao redor do globo: eles mostram a verdade. A verdade sobre relacionamentos entre mulheres, não o pregado pelo feminismo moderno, mas o antigo - aquela relação que navega entre a amizade e o companheirismo até a inveja e o ódio, como um barco bêbado no mar. A verdade sobre casamentos e a cultura machista que ainda está na sociedade e como ela afeta as mulheres, não só as que são vítimas diretas, mas as que propagam pensamentos machistas apenas porque é tudo o que elas já tiveram acesso. Sobre os sacrifícios que precisamos fazer as vezes apenas por sermos mulheres. A verdade sobre aquele lado feio que todos nós temos, mas guardamos a sete chaves dentro de nossas cabeças e quase nunca permitimos que as outras pessoas vejam.
   É muito fácil dizer coisas como "Lenu é invejosa" ou "Lila é egoísta". Temos duas mulheres que fazem o que foram ensinadas a vida toda. Elas competem e se amam e se odeiam. Elas rompem amizades e reatam, elas amam homens e os deixam com a mesma rapidez. Aqui aquele lado feio é escancarado por uma narradora sem escrúpulos ou medo de parecer uma mulher "ruim". Estamos acostumadas a mulheres perfeitas ou com defeitos que beiram ao ridículo: perfeccionistas, um pouco depressivas, gostam de cafajestes. Aqui temos um ser humano completo, com pontos bons e ruins. E isso é lindo de se ver.
   Porém, ler os pensamentos de Lenu nas páginas era quase como um soco no estômago. Porque além das descrições dos sentimentos, eu também conseguia senti-los. Não só porque fui transportada para dentro do livro, mas porque o livro estava quase se mesclando à minha vida e ao meu passado. Não se sentir a melhor - a mais bonita, a mais inteligente, a mais legal, aceitar qualquer tipo de amor apenas porque acha que não merece nada a mais, ver pessoas que você ama preferirem outra pessoa e ver essa pessoa, que antes não se interessava por esta mesma pessoa, se apaixonar perdidamente por ela.
   É tudo tão pessoal que foi difícil passar por essa leitura sem relembrar a vida e sem refletir sobre ela. Ainda assim, ela me trouxe um questionamento. Algumas vezes, durante a leitura, eu pensava "Mas Lenu, porque faz isso? Você não consegue ver?". E depois pensei, "será que eu conseguiria ver?". Talvez todos sejamos cegos na nossa própria história e só conseguimos ver as coisas claramente depois que elas passam. Mas é um lembrete para sempre manter os olhos abertos.
   Enquanto eu quero muito ler o resto da série, não sei se é algo que eu consigo fazer agora.



#71 | The Sun and Her FlowersRupi Kaur | EN
   Li o outro livro da Rupi Kaur no começo deste ano e gostei bastante. Foi uma alegria grande poder falar que eu estava lendo e entendendo poesia. E esse livro lançou e claro que fui ler também.
   Aqui a "estética" dos poemas segue a mesma linha - frases simples e bonitas, sem muita métrica e outras coisas que aprendemos na aula de português quando somos mais novos.
   Tem gente que chama esse estilo de novo, algo como a poesia da nossa geração, enquanto outros chamam de frases mal pontuadas. Cada um atira a pedra onde quiser. Pessoalmente eu gosto muito.
   Enquanto o outro livro falava mais sobre amor e relacionamentos, este também dá uma grande abertura para o amor, mas para relacionamentos mais gerais - amizade e família também estão incluídos, inclusive focando bastante na história da mãe da Rupi, que é imigrante. Aliás toda essa questão de imigrantes e refugiados é abordada.

#72 | As Três MariasRaquel de Queiroz | PT
   Esse foi meu segundo livro da TAG, mas o primeiro que eu li. Por coincidência, terminei no dia do aniversário da autora e no mesmo dia que Mario escreveu sobre o livro em 19...
   O livro acompanha Guta, a Maria Augusta, uma menina que entra em uma escola de freiras após a morte da mãe. Lá ela encontra duas meninas que se tornarão suas amigas: Maria da Graça e Maria Jesus.
   A verdade é que eu não sei bem se gostei do livro. Achei bem triste tudo sobre a Guta, mas também não me senti triste por ela. Eu não consegui me conectar muito bem, parte pelas personagens distantes e parte pela escrita.

#73 | O Milagre da ManhãHal Elrod | PT
   Vi sobre esse livro no canal da Fran e resolvi ler por completo, fazia tempo que não lia uma não-ficção.
   O autor fala sobre como começou uma rotina, que é utilizada por várias celebridades e pessoas ricas e prósperas, e como essa rotina melhorou a vida dele e o fez dar a volta por cima.
   Estou tentando ler mais livros de "auto aperfeiçoamento" (ou auto ajuda) sem revirar os olhos ou sentir vergonha. Não sei de onde veio esse pré-conceito que a maioria dos leitores "de verdade" tem com auto ajuda e por acaso eu absorvi. Acho que qualquer leitura é válida e estou sempre tentando tirar algo de tudo que eu leio, desde um livro de filosofia até artigo no buzzfeed sobre as kardashians.
   E nesse achei bem interessante. Ele diz que, todas as manhãs, você deveria: fazer exercícios físicos, ler, escrever (em um diário), fazer visualizações sobre sua vida, fazer afirmações positivas e meditar (ou uma atividade silenciosa como oração).
   Implementei isso em alguns dias e fiquei muito surpresa com o resultado. Produzi bem mais que o normal e quando estou indo para o trabalho me sinto bem mais acordada que antes.
   Ainda estou tentando driblar o sono de manhã, mas pretendo fazer isso todos os dias.

E é isso ai. Estou pensando numa maneira diferente de fazer isso no ano que vem e estou me empolgando

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