30.4.17

Lidos: Abril (2017)

Abril de 2017 com certeza foi um mês de experiencias, pelo menos no campo de leituras. Terminei um livro que até o goodreads me parabenizou, de tanto tempo que tava parado na estante sendo lido. Li livros sobre felicidade dinamarquesa, sobre sonhadores e uma proza linda (apesar de odiar a edição), li livros em espanhol, ouvi livros enquanto caminhava e revisitei uma das minhas histórias preferidas.




#24 | Alerta de Risco | Neil Gaiman | PT | ★☆☆☆☆
Ícaro! Não é que tenha esquecido todos os nomes. Lembro-me de Ícaro. Voou próximo demais do sol. Entretanto, nas histórias, valeu a pena. Sempre vale a pensa tentar, mesmo quando falahamos, mesmo que você entre em eterna queda livre como um meteoro. Melhor ter ardido na escuridão, ter inspirado outros, ter vivido, do que ter ficado sentado nas trevas, amaldiçoando aqueles que tomaram emprestado sua vela e não a devolveram.
Eu sinto que os livros do Neil Gaiman para mim são ou muito bons ou muito ruins. Acho que essa coletânea de contos reflete bem isso, pois enquanto eu gostei muito de alguns, eu mal consegui terminar (ou entender) os outros. A nota foi proporcional aos contos que eu gostei. Ou seja.
Para ser bem sincera, não li todos. Eu comecei bastante entusiasmada, mas para ter uma ideia, acho que comecei a ler em Novembro do ano passado e só consegui "terminar" agora, pois fui me forçando a ler um por dia (ou por semana de vez em quando).
Eu senti que a maioria dos contos eram ideias jogadas que não faziam muito sentido e que eu não me importava muito. Eu tenho problemas com contos, já falei isso antes, mas senti que esse livro foi bem difícil mesmo.
Tive alguns favoritos: Xique xaque de chocalhos e caso de morte e mel. Sim, só esses. Por isso a 1 estrela.
Sobre um livro de contos: prefiro coisas frágeis, que me pareceu menos espalhado e mais coeso. Ainda quero ler o Smoke and Mirrors, que já falaram que é a melhor coleção dele. Vou ser sincera que depois desse, estou com um pouco de medo.

#25 | The Little Book of Hygge | Meik Wiking | EN | ★★☆☆☆
Would we still feel love if we had no word for it? Of course we would. But what would the world be like if we had no word for marriage? Our words and language shape our hopes and dreams for the future –and our dreams for the future shape how we act today.
Não sei muito bem o que falar desse livro, mas vamos tentar.
O livro fala sobre Hygge, um sentimento/conceito/ato cultural dos dinamarqueses. O conceito da palavra é intraduzível. Ao ler o livro você sabe sobre o que ele está falando, mas não sabe como explicar. Posso tentar, mas se o próprio autor do livro não consegue, não tenho certeza de que vou ser muito melhor.
Hygge é sobre um estilo de vida, uma maneira de ver a vida, torná-la confortável, casual, simples, gostosa, feliz. É sobre aproveitar pequenos momentos com amigos, família ou sozinho. Sobre acender uma vela, ler um livro, tomar um cházinho e aproveitar aqueles momentos de felicidade.
É o melhor que eu consigo fazer.
O livro explica um pouco de todos os elementos que podem tornar sua vida mais hyggeista: velas, cobertores, almofadas, encontro com os amigos, jogos de tabuleiros, fazer e comer o que se gosta e aproveitar a vida num geral. O livro também tem receitas interessantes, fotografias muito bonitas, uma edição linda (li em ebook mas já era bem bonito assim).
Ele faz um paralelo de como a Dinamarca já ganhou muitas vezes o troféu de pessoas mais felizes do mundo. Enquanto eu não tenho certeza se o Hygge pode receber todo crédito, afinal um estado que funciona, ensinos públicos de qualidade, assim como saúde e transporte, e no final até a mentalidade das pessoas que moram lá também são uma grande parte da razão, acho que a mentalidade do hygge é um diferencial que todos aproveitamos, mas talvez não tão culturalmente quanto os dinamarqueses.
Acho que algumas dicas são válidas, pontos que eu tinha pensado, mas não tinha considerado que poderiam influir tanto na minha felicidade. É claro que é difícil ter uma vida mais hygge quando você não mora em uma sociedade que entende isso ou que não está preocupada com o bem estar das outras pessoas. Ainda assim, vale a pena sonhar.
Ele não deu nenhuma informação nova que fez minha cabeça estrelar e falar: isso é genial! Mas valeu pelas histórias culturais da Dinamarca.

#26 | Strange the Dreamer | Laini Taylor | EN | ★★★★★
“You’re a storyteller. Dream up something wild and improbable," she pleaded. "Something beautiful and full of monsters."
“Beautiful and full of monsters?"
“All the best stories are.”
Os livros da Laini Taylor que li até agora, tem o mesmo feeling. Parecem uma colcha de retalhos, aonde ela vai mostrando um pedacinho, depois outro, depois outro. No fim, ela puxa a linha e tudo se junta e você fica com aquela cara de: aaaaaaaah taaaaa.
A história segue Lazlo Strange, um órfão com uma vida dura e que tem um objetivo de vida: descobrir tudo que pode sobre Weep ou The Unseen City, uma cidade misteriosa de histórias que eram contadas para ele quando ele era pequeno até que o seu nome foi roubado (sim, o nome da cidade desapareceu da mente de todos). Ele então sonha com o dia em que poderá ver a magia, afinal apenas magia pode apagar o nome de uma cidade inteira e conhecer sua cidade dos sonhos.
Anos depois, ele tem a oportunidade de ir até esse lugar e ver tudo por si mesmo.
Não tem como falar de um livro dessa autora sem falar da escrita dela. É uma escrita tão bonita, na medida certa, que não consigo nem me explicar direito. Pra mim é no nível da Stiefvater.
Os personagens são muito legais e bem construídos, os livros dela te fazem querer saber sobre todos os personagens, mesmo os secundários, o que não é todo autor que consegue fazer. Gosto como os personagens não são bons ou maus. Eles fazem coisas boas e coisas horríveis e as explicações são convincentes, te deixando encima do muro.
A criação de mundo não é muito bem explicada, mas o livro não precisa de explicações como outros desse tipo para fazer sentido (por exemplo, você precisa entender como os bruxos vivem para que alguns eventos de Harry Potter façam sentido). Acho que nem é o propósito dele.
A narrativa, como eu disse, vai sendo construída aos poucos, alguns eventos aqui, outros ali, talvez pareça arrastada, mas acho que no final tudo faz sentido.
O livro, que acho que faz parte de uma duologia, termina de fazer você querer o próximo agora. (O que é péssimo pois acho que o próximo só ano que vem).
Um adendo: eu comprei o livro pela pré-venda da amazon e achei a edição horrível. As letras são tão grandes que um cego consegue ler. Ai descobri que tem uma edição especial chamada Large Print, que é, sim, Large. Fiquem de olho pois é bem ruim de ler.



#27 | La Sombra Del Viento | Carlos Ruiz Záfon | ES | ★★★★☆
- Este lugar es un misterio, Daniel, un santuario. Cada libro, cada tomo que ves, tiene alma. El alma de quien lo escribió, y el alma de quienes lo leyeron y vivieron y soñaron con él. Cada vez que un libro cambia de manos, cada vez que alguien desliza la mirada por sus páginas, su espíritu crece y se hace fuerte. 
Lembra quando no começo do ano coloquei como meta ler um livro em francês? Então, não aconteceu ainda. Mas posso dizer com todo orgulho do mundo que terminei um livro em espanhol!
(muita comemoração)
Uma historinha: meu pai é argentino mas nós (eu e meu irmão) nunca aprendemos espanhol porque meus pais achavam que a gente ia se confundir muito. Mas por ele falar um português meio enrolado eu sempre entendi bem espanhol (menos quando falam rápido. sério, é impossível). Então eu decidi que leria um livro em espanhol e pá. Cá estamos.
A história do livro fala sobre Daniel Sempere, um menino que mora em Barcelona logo após a guerra civil espanhola, com seu pai. Um dia, seu pai o leva em segredo para a Biblioteca dos Livros Esquecidos e diz para que ele pegue um livro e cuide dele para sempre. Ele escolhe o livro A sombra do vento e o devora. O escritor é Julian Carax, um homem misterioso e meio fracassado, mas cujo os livros são objeto de desejo de uma pessoa muito peculiar e não por um motivo bom: ele deseja queimar todos os livros do autor.
Uma das coisas que sempre falam sobre esse livro é que ele parece uma matrioska, aquelas bonecas russas que vão se abrindo. Isso, com certeza, é uma verdade grande em termos de narrativa: vemos a história não só de Daniel, mas também do próprio Carax, enquanto o protagonista procura os segredos do autor. Vamos descobrindo histórias de todos os personagens, muitas vezes eu ficava de boca aberta, surpresa com o quanto tudo era entrelaçado.
Amei também os paralelos entre a história do Julian Carax e do Daniel, amo essa ideia de histórias e ciclos que se repetem.
A história é um pouco de tudo: tem romance, tem mistério, tem um toque de fantasia. Acho que ela funciona muito bem para o que se propôs. É tudo tão bem narrado e não juntinho que muitas horas eu dava uns berros de QUE? Porque era uns plot twists sem fim que eu achava que estava lendo errado ou não tinha entendido.
Sobre a leitura em espanhol: foi mais difícil do que eu esperava. Me senti lendo em inglês pela primeira vez novamente e lembrei de quanto eu sofri. Por esse motivo, eu demorei mais tempo para ler do que eu normalmente demoro.
E eu senti que precisei me "forçar" a ler. Não que o livro fosse ruim, mas eu me sentia tão cansada depois de ler, que eu evitava pegar esse livro. Quero reler ele.


#28 | Harry Potter and The Sorcerer's Stone | J. K. Rowling | EN | ★★★★★
“The truth." Dumbledore sighed. "It is a beautiful and terrible thing, and should therefore be treated with great caution.
O que falar de Harry Potter? Acho que nessa altura, todos já leram ou viram ou tem uma opinião formada.
Pra mim, reler Harry Potter é sempre um prazer. Eu amo reentrar no mundo criado pela J.K., amo rever personagens que eu sou apegada, amo revisitar Hogwarts.
Nessa releitura, eu prestei atenção em detalhes que me fugiram das outras. É engraçado reler sabendo tudo o que tem pela frente. Continuo achando que sem a Hermione eles tinham morrido no primeiro livro. Aliás, tem uma passagem, de quando eles encontram o troll nas masmorras, que define bem todos os livros: "Harry then did something that was both very brave and very stupid". 
Dessa vez, eu li na minha edição ilustrada (ganho uma a cada Natal!) e foi demais. Acho que ajuda muito que as ilustrações do Jim Kay tem um ar quase mágico, cheia de detalhes, refletindo bem a história. Só poderiam ter mas ilustrações. Ajuda que o texto é integral. Só quero ver o tamanho do tijolo que vai ficar A Ordem da Fenix e O Principe Mestiço.

#29 | The Handmaid's Tale | Margaret Atwood | EN | ★★★★★
Nolite te bastardes carborundorum. Don't let the bastards grind you down.
Além do meu primeiro livro em espanhol, também "li" meu primeiro audiobook.
Eu sempre tive um receio com audiobooks, porque eu me distraio fácil, não consigo prestar atenção e achava que eu não ia ter tempo de ficar ouvindo. A verdade é que no começo é difícil prestar atenção enquanto se faz outras coisas, mas talvez seja o mesmo sentimento quando estamos começando um livro e ainda não "mergulhamos". Depois de me interessar na história, eu ficava tão vidrada que era até perigoso. E sobre o tempo: não tinha ideia de quanto tempo sem fazer nada eu tinha. Entre ir e voltar do trabalho, caminhar e almoçar, etc, li o livro em menos de uma semana.
Isso que eu não me forcei: gosto de ouvir música também e nos dias que não estava afim, eu deixava de lado. Enfim, me animei pra ouvir mais livros!
Uma parte engraçada sobre esse livro: dentro da narrativa, a personagem principal diz que essa é uma história contada e não escrita, pois ela não tem com o que escrever e é proibido que mulheres leiam. Achei uma coincidência legal, estar ouvindo!
Sobre a história:
Aqui acompanhamos Offred (literalmente Of Fred - Do Fred), uma moça que vive como Aia, cujo único trabalho é ter filhos.
Se passa num futuro distópico, não muito no futuro (e pra ser sincera tem umas coisas tão perto da realidade que dá medo) onde um atentado terrorista fez com que a sociedade se feche para um culto religioso e seja completamente reestruturada.
Diferente de algumas outras distopias que li, essa não se passa quando todos já estão inseridos e aceitam, nem se lembrar de como era a sociedade antes daquilo. Offred lembra como era sua vida antes, com seu marido e sua filha, então é muito mais doloroso para ela, lembrar tudo o que ela perdeu e como tudo mudou. Foi interessante.
Foi difícil entrar no mundo, principalmente entender as explicação no começo, acho que principalmente por ser um audiobook. As mulheres são divididas em cores que usam: azul para esposas, verde para Marthas, ou serventes e vermelho para as aias, as handmaids.
Foi estranho ver a Offred, que ao mesmo tempo que se lembra como é ser livre e que deseja isso, também é um pouco doutrinada nessa religião e tem pensamentos contraditórios. Acho que isso é interessante pra quem pensa que seria diferentão e não teria o mesmo pensamento que a maioria.
O livro é muito interessante. Eu me via querendo sair para andar e colocar o fone para ouvir a história, curiosa com a história da Offred.
Os outros personagens são pouco explorados, pois é tudo contado em primeira pessoa e a própria Offred se distancia o máximo possivel da realidade. Ainda assim, temos bons vislumbres de Maura, de Luke, de Serena Joy, do Commander, Nick e até mesmo da Ofglen. Gosto dos livros de primeira pessoa pois ficamos tão perdida quando a protagonista, nos sujeitando a visão dela das coisas.
O final foi muito supre endente pra mim. Quero ler o livro de papel para poder pegar todos os detalhes. E quero muito assistir a série de tv!

24.4.17

Um ban de compras - O começo

Pode ser que eu me arrependa muito de tudo isso? Pode sim. Ainda assim, como muitas pessoas andam me falando, o não a gente já tem. É incrível a quantidade de coisas que a gente SABE, mas que não consegue realmente por em prática.

Eu resolvi ficar 6 meses em um shopping ban. Eu já estava adotando um estilo de vida minimalista fazia um pouco mais de um mês, no qual eu já reduzi muito minhas compras. Posso dizer que gostei do resultado até agora. Então resolvi fazer isso, não só pra economizar dinheiro, mas para ter uma consciência maior de tudo que eu compro e consumo.

Eu tentei fazer isso outras vezes, mas não me planejei e entrei com a mentalidade de "não posso comprar NADA". E é claro que falhei. O fato é: tem coisas que eu uso todo o dia e que eu preciso. Tipo sabonete, shampoo, condicionador e até hidratante. Ou remédios, terapia e pilates. Eu acabava pensando "já gastei nisso, agora já era". Mas se eu preciso (shampoo) ou gosto muito (terapia e pilates) acho que entram como essenciais na sua vida.

Começar um "ban" é entender que tem coisas que você precisa e elas não vão ser iguais das outras pessoas. Se uma moça usa absorventes eles vão ser essenciais e precisam ser comprados todos os meses. Eu uso coletor e não preciso trocar por algum tempo, mas deixei nos essenciais caso dê uma zica e eu precise trocar antes.

Estou me baseando em vários textos e coisas que ouvi e li, mas recomendo o blog da Cait Flanders para leitura. E muitos outros também! Existem alguns passos que ela recomenda e eu resolvi seguir alguns. Eu já tinha feito um desapego gigante, aliás até abri minha lojinha no enjoei. Não fiz uma lista de tudo que eu tinha (eu tenho uma lista de livros não lidos, que me dá um pouco de vergonha para ser sincera).

Então o próximo passo foi fazer as listas de coisas essenciais (que você precisa comprar), coisas não essenciais (coisas que você gosta/quer, mas não necessariamente são essenciais) e compras permitidas.

Essa ultima lista é a que mais me preocupa, pois eu fico com medo de perder o controle, por isso tentei ser o mais especifica possível nela. Não adicionei os livros que já comprei em pré-venda pois o ato de comprar já foi feito, mas não pretendo comprar nada em pré-venda.

Lista dos Essenciais:
- Shampoo/Condicionador/No Poo
- Hidratante corporal
- Protetor Labial
- Hidratante do Rosto
- Protetor Solar
- Coletor Menstrual
- Remédios no geral
- Terapia
- Pilates
- Florais

Lista dos Não Essenciais:
- Livros
- Roupas
- Sapatos
- Maquiagem
- Acessórios
- Revistas
- Coisas de papelaria
- Esmaltes
- Idas ao salão
- Dermocosméticos não prescritos
- Coisas de decoração

Lista de Compras Aprovadas:
- HQ Volume 2 do Sandman
- Os três livros da Elena Ferrante restantes da série napolitana (apenas quando for ler de uma vez)
- Legging de boa qualidade ou uma calça preta justa
- Squeeze de água de boa qualidade
- Caderno de Bullet Journal, caso o meu termine
- Casaco de frio
- Escova da Clinique para repor
- Presente para meu pai (aniversário)
- Presente para meu pai (dia dos pais)
- Presente para meu namorado (dia dos namorados)
- Presente para meu namorado (5 anos de namoro)
- Presente para meu irmão (aniversário)
- Presente para minha mãe (dia das mães)
- Presente Aline

Não coloquei coisas como sair com o namorado e amigos pois já somos bem econômicos (leia-se sem dinheiro). Fora que sinto que esses momentos são tão legais e trazem tantas coisas boas sem ser necessário gastar, que acho que podem passar. Ou também idas ao cinema e tomar café. Enquanto isso não é necessário, um capuccino uma vez por mês enquanto leio um livro me trás tanta felicidade que acho que vale a pena "quebrar".

Das minhas listas de compra aprovada, metade são presentes específicos. Depois tentei ser mais enxuta possível, mesmo achando que ainda é muita coisa. Minha estratégia é só comprar as coisas depois de ter certeza que eu realmente quero/preciso e postergar a compra o máximo possível.

Também pretendo anotar tudo que eu gasto, por menor que seja. Acho que ter esse hábito é um bom diferencial para você realmente ter noção do que você consumiu e quanto você gastou.

Queria também fazer um resumo mês a mês, falando o que eu sinto, se foi fácil, difícil, tenso, o que eu quis comprar, o que eu não quis, etc.

Pretendo fazer o desafio de 01/05/2017 até 01/11/2017. São seis meses aonde eu tentei ver tudo o que eu precisaria comprar e colocar na listinha acima.

Essa é a hora que eu respiro fundo e penso quinze vezes antes de começar (só enquanto eu escrevia o post eu pensei em mudar minhas listas e até a quantidade de tempo necessária). Mas uma hora a gente começa.

Links legais:
- Blog da Cait Flanders: tem um guia muito bacana de como começar.
- Blog Meu Diário Minimalista: ela também tem um "jejum de compras" bem legal!
- Blog Living Slow: fala sobre consumismo e moda sustentável

6.4.17

Lidos: Março (2017)

Em Março, tem o projeto bem legal de mulheres para ler, onde se dá preferencia e se discute mais sobre autoras. Decidi fazer uma pequena participação escolhendo apenas mulheres para ler durante esse mês, o que não é muito minha cara (normalmente me baseio no meu humor pra escolher a próxima leitura, por isso que nem tenho TBR).



#18 | A Hora da Estrela | Clarisse Lispector | PT | ★★★☆☆
Pois a vida é assim: aperta-se o botão e a vida acende. Só que ela não sabia qual era o botão de acender. Nem se dava conta que vivia numa sociedade técnica onde ela era um parafuso dispensável.
A primeira mulher de março lida foi ninguém mais que Clarisse Lispector. Eu me lembro de quando mais nova, tentei ler esse livro, mas não consegui. Achei a linguagem extremamente chata de uma maneira que só quem já esteve com esse livro aberto consegue sentir.
A história acompanha Macabéa, uma moça nordestina que mora no Rio de Janeiro e tem sua história contada pela visão do narrador Rodrigo S.M, que adora dar seu pitaco na história da moça, que é sozinha no mundo e desprovida de qualquer atributos.
Tudo é bem triste, mas nunca se mostra desse jeito. Os fatos são dados no meio da narrativa e reflexões do narrador sobre si  mesmo ou sobre a personagem. O fato é que é difícil ler esse livro, talvez não seja o melhor livro da Clarisse a ter começado.
Macabéa desperta aquele sentimento de dó e tristeza na gente, de uma pessoa ignorante e pobre, não só de dinheiro.
É até difícil por em palavras o que sinto por esse livro. Gosto muito de Macabéa, mas tenho uma dificuldade imensa em ler esse livro por causa do narrador.
Alguém tem uma recomendação de livro da Clarisse Lispector?

#19 | A Mansão HollowAgatha Christie | PT | ★★★☆☆
- É você que não percebe o que significa, Edward! Nós passamos a tarde revivendo o passado.
- O passado, às vezes, é um bom lugar para se viver.
- Não se pode voltar atrás. É a única coisa que não se pode fazer... Voltar atrás.
Esse era o último livro de um box da Agatha Christie que eu tinha e antes disso li apenas E não sobrou nenhum, Os Elefantes não esquecem e Morte na Mesopotâmia. Acho que esse é meu segundo favorito, atrás apenas do E não sobrou nenhum.
A história é um pouco diferente da narrativa "normal" de uma história de mistério, passando muitas páginas com a introdução dos personagens e contanto a narrativa deles até a hora do crime. Achei sensacional, pois ficamos conhecendo um pouco mais os personagens e acabamos nos envolvendo um pouco mais com eles do que apenas pessoas apresentadas depois de um crime.
Eu não sou muito confiável para julgar livros de detetive, pois a cada virada de página eu mudo de ideia sobre a resolução e do culpado. Aqui não foi diferente. Aliás, achei muito surpreendente, mas o final acabou sendo um pouco decepcionante. Ainda assim, recomendo bastante.
A lista de personagens e suspeitos é longa, então as vezes acabava me confundindo um pouco em quem era quem, qual era o passado dele, enfim. Também temos alguns capítulos do ponto de vista do sr. Poirot, um dos detetives mais conhecidos da autora.
Acho que livros de mistério/policiais são legais, mas fico me perguntando se vale a pena reler.

#20 | The Long Way To a Small Angry PlanetBecky Chambers | EN | ★★★★★
“The truth is, Rosemary, that you are capable of anything. Good or bad. You always have been, and you always will be. Given the right push, you, too, could do horrible things. That darkness exists within all of us. You think every soldier who picked up a cutter gun was a bad person? No. She was just doing what the soldier next to her was doing, who was doing what the soldier next to her was doing, and so on and so on. And I bet most of them — not all, but most — who made it through the war spent a long time after trying to understand what they’d done. Wondering how they ever could have done it in the first place. Wondering when killing became so comfortable.”
Alguns anos atrás, Becky Chambers precisou decidir entre escrever seu livro e colocar um teto sobre a cabeça. Ela acabou recorrendo ao kickstarter e algumas pessoas ajudaram-a a escrever o livro sem ficar sem casa. E só posso agradecer a essas pessoas.
Eu amo ficção cientifica, principalmente viagens espaciais. Quando eu era mais nova, meu sonho era ser astronauta. E eu já li bastante coisa do gênero e vi muitos filmes e séries também. E eu nunca li nada como esse livro.
A história acompanha a nave Wayfarer. Apesar da sinopse oficial falar que acompanhamos uma moça em especifico, uma das pessoas que mora nessa nave, todos os tripulantes tem seu espaço no livro. A Rosemary é uma moça com um passado conturbado e deixa tudo para trás e se junta a nave de perfuração de túneis espaciais num trabalho administrativo.
Lá ela conhece Kizzy e Jenkins, os dois técnicos humanos maravilhosos que cuidam da parte mecânica da nave, Sissix, a pilota reptiliana, o capitão Ashby e Corbin, que não é tão popular assim, mas ganhou meu coraçãozinho depois, e que também são humanos e até o Dr Chef (médico e cozinheiro) e Ohan de outras raças completamente diferentes. E também a lindíssima Lovey, o sistema de inteligencia artificial dessa nave, que acaba sendo uma "pessoa" e personagem.
Uma das coisas que mais irritam em ficção cientifica é quando alienígenas são retratados: parecidos com humanos, com quase os  mesmos costumes, mesmas linguagens e culturas similares. São humanos, mas verdes.
Esse livro passa longe disso. Cada raça tem uma aparência, uma cultura completamente diferente que vem acompanhada de um jeito de pensar diferente. É tão complexo que não tem como descrever de outra maneira senão genial. Acaba sendo até um pouco difícil visualizar na sua mente como cada um se parece, o que me faz pensar que uma adaptação para TV pela netflix com quinze episódios e roteiro escrito por pela mesmo (hahaha, só aceito assim, não estraguem livros bons) seria muito legal.
Eles seguem pelo espaço na missão de encontrar o pequeno planeta raivoso dos Torami Ha, uma raça que acabou de ser aceita no conselho da galáxia e não tem a melhor das personalidades (do nosso ponto de vista).
A história em si é bem simples porque ela foca nas pessoas que vivem naquela nave.
Vemos diversas situações e como cada um reage a elas. Como os pensamentos são diferentes e como é difícil para os dois lados. E apesar de se tratar de uma narrativa espacial, cheia de formas diferentes e raças estranhas, podemos muito bem tirar lições para nossa vida e coisas que acontecem atualmente.
Também acompanhamos como é quando pessoas de culturas e histórias tão diferentes se comportam quando são obrigadas a ficarem num espaço pequeno e convivendo umas com as outras.
É o melhor livro que eu li esse ano e um dos melhores que li na vida. Com certeza o melhor de ficção cientifica.



#21 | The Song RisingSamantha Shannon | EN | ★★★★☆
“Never allow yourself to believe you should be silent.”
Outra mulher que eu estava louca para ler era a Samantha Shannon! Eu já li os dois primeiros livros da série The Bone Season e gostei bastante. O terceiro foi lançado esse mês e eu paguei super caro para poder manter a capa original (chorando litros pelo meu dinheiro). Pelo menos é uma edição linda e autografada <3.
O terceiro livro, The Song Rising, começa pouco tempo após o segundo terminar. Nele, acompanhamos a Paige como nova Underqueen de Londres. Com Scion apertando o cerco com novos sensores e tendo traído seu mentor, Jaxon, Paige começa a perceber que não é tão fácil mandar em todo um sindicato.
Primeiro: amei a Paige nesse livro. Pra ser sincera, fazem quase dois anos que eu li o segundo livro, então a história não estava super fresca na minha cabeça. Só que acho que mesmo assim, a personagem principal teve mais maturidade, tramou planos melhores e cresceu como pessoa nesse livro.
Os personagens secundários continuam e aumentam (foi difícil lembrar quem é quem). Nessa situação sempre se corre o risco de criar personagem demais e personalidades de menos. Acho que o Nick ainda me irrita um pouco, mas a Eliza compensou por ele. O Warden continua um mistério. Por ser uma série que vai ter sete livros, acho que a autora pensou a frente, então dá para colocar pistas agora que ela só vai resgatar nos próximos livros.
Outra coisa que gostei muito é o andar da história. As vezes os livros começam a ficar enrolados, mas aqui mal dava tempo de pensar e mil coisas aconteciam. Gostei de conhecer também um pouco mais do mundo que a autora construiu.
O final não foi tão OH MEU DEUS E AGORA como o do segundo, mas deixou uma ponta muito boa para os próximos, que para mim parecem que vão ser os melhores.

#22 | A Cor Púrpura | Alice Walker | PT | ★★★★★
De qualquer maneira, ele falou, você sabe como é. Você faz uma pergunta pra você mesmo e ela leva você a fazer mais quinze. Eu comecei a imaginar por que a gente precisa de amor. Por que a gente sofre. Por que a gente é preto. Por que tem homem e tem mulher. De onde as criança vêm mesmo. Num demorou muito pra discubri queu quase num sabia nada. E se você é preto ou é um homem ou uma mulher ou uma moita isso num quer dizer nada se você num pergunta por que é que você tá aqui, pronto.
No começo do ano eu li "A Vida Secreta das Abelhas", que eu gostei bastante. Minha única reclamação sobre ele foi a questão de mostrar a vida de negros num período difícil de segregação racial sem nunca realmente contar isso do ponto de vista das pessoas negras.
Então A Cor Púrpura, um livro que eu roubei dos antigos da minha mãe (a edição é de 1982 e está beeem acabadinha. Ainda assim é tão bom ver livros usados!), veio para completar essa visão de uma maneira muito bonita.
A história é toda contada por meio de cartas, num primeiro momento de nossa protagonista, Celie para Deus e narra desde sua adolescência, sofrendo abusos horríveis por parte do pai, da separação dela e de sua irmã, de seu casamento com um homem horrível e da sua vida, pouco a pouco.
Celie é pobre e analfabeta (as vezes é até difícil ler, pois algumas palavras são escritas juntas e seus pensamentos são bem confusos). Ela se casa com um homem que abusa dela e cuida dos filhos dele, aturando até quando a ex-paixão e amante dele, Doci Avery (acho que na edição nova está Shug. Gostei mais de Doci, já que faz sentido o apelido) fica doente e mora com eles por um tempo.
Vemos a história de desenvolver, os filhos desse homem crescendo e se tornando parte da vida de Celie, a amizade e amor que ela nutre por Doci, a injustiça do preconceito racial e tanta coisa mais.
Acho que esse livro começa triste. E até mesmo em algumas partes no meio, tudo é muito difícil e te deixa com um peso no peito muito grande. A história dela é tão pesada e horrível que de vez em quando dá vontade de desistir.
Só que eu diria que ela também é uma história de perdão e reconciliação e vitória. Do tipo que termina com um sorriso discreto no rosto e te deixa muito feliz por ter lido aquilo.
Fiquei interessada em ver o filme. 

#23 | The First Fifteen Lives of Harry August | Claire North | EN | ★★★★★
“Time was simple, is simple. We can divide it into simple parts, measure it, arrange dinner by it, drink whisky to its passage. We can mathematically deploy it, use it to express ideas about the observable universe, and yet if asked to explain it in simple language to a child–in simple language which is not deceit, of course–we are powerless. The most it ever seems we know how to do with time is to waste it.”
Esse foi um livro difícil de ler. Fazia tempo que eu não encontrava um livro que a linguagem era mais complicadinha e eu precisava de mais tempo para ler. O que não quer dizer que eu não gostei desse livro, de maneira alguma.
A história segue nosso protagonista Harry August, uma pessoa que, quando morre, volta para o começo, o seu nascimento, com todo o conhecimento de suas vidas passadas. Então ele fica nesse ciclo, nascer, morrer, nascer mais uma vez, até que uma moça encontra ele e passa uma mensagem: O mundo está acabando e ele precisa ajudar a salvá-lo.
Acho que a narrativa desse livro é um ponto alto, mas também é muito complicada. Acompanhamos a história de quase todas as vidas do Harry, quase sempre bem detalhadas, mas elas não seguem uma ordem cronológica, quase sempre ele vai e volta entre as vidas enquanto ele conta. Lá pro meio do livro a narrativa fica mais linear e não tão confusa, mas tem um flashback ocasional.
O Harry não é nada econômico com as palavras, ele descreve, enrola, vai e volta nos pensamentos, o que pode ser meio complicado de entender. Normalmente eu sou uma pessoa que lê muito rápido, mas nesse caso eu demorava para ler muito mais. Os capítulos também não tem uma estrutura, uns são bem longos enquanto uns tem apenas uma página. De toda maneira, a história é tão boa que você nem percebe esses detalhes, ou se percebe, não deixa que eles atrapalhem.
O inglês aqui é bem mais denso e avançado do que em outros livros. A Claire North é bem novinha, mas com certeza tem muito talento para a escrita. Em grande parte das vezes que eu fechava o livro eu pensava no quão boa era a maneira como tudo era formado: histórias, frases, narrativa. Gostei muito mesmo e invejei essa moça. Vou procurar as outras coisas escritas por ela.
Esse livro foi lançado pela Bertrand aqui no Brasil faz pouco tempo e a capa é lindíssima! recomendo muito esse livro para todos.


Sobre o projeto: foi muito legal e ao mesmo tempo um pouco limitante. Percebi que tenho muitos livros escritos por homens e o número de mulheres é bem baixo. Pessoalmente não acho que mulheres escrevam melhor/pior do que homens em certos assuntos/gêneros. Pra mim isso varia mais de pessoa para pessoa do que de gênero (o que acaba com os estereótipos "homem não sabe escrever romance/mulher não sabe escrever fantasia".
O mais difícil para mim foi escolher baseado em um limitador. Normalmente eu leio o que eu quero ler, desisto no meio e parto para outra, retorno livros abandonados. Enfim. Foi estranho olhar na estante e falar "não posso ler esse".
Ainda sim foi interessante pensar que eu tenho essa desigualdade na minha estante.
Em outro assunto: estou seis livros adiantada para cumprir minha meta de 70 livros esse ano, segundo o goodreads. YEY.

3.4.17

A few reasons why

Vamos falar sobre a série 13 reasons why? Vamos sim.
Se você não ouviu falar, a série é baseada no livro de mesmo nome e conta a história de Clay, um menino que recebe umas fitas cacete. Nas fitas, gravadas por Hannah Baker, há os 13 motivos (ou treze pessoas) pelo qual ela se matou.

Eu li esse livro em 2015 e não foi um livro que mudou minha vida. Pra ser sincera, estou acostumada a estar do lado que vê/sofre os bullyings e não faz, então para mim o livro era uma repetição e tentava explicar motivos que para mim, não precisavam ser explicados.

A série saiu e o twitter pirou, é claro. A hashtag #NãoSejaUmMotivo bombou. Todos falaram frases bonitas, tipo "preste atenção nas pessoas ao seu redor", "não faça bullying", "cuide de quem você ama". Todos escreveram a razão de você talvez ser um motivo, sem é claro dizer "ops, já fiz isso, vou tentar melhorar". Na internet, somos todos lindos. É sim importante fazer todas as coisas acima. Só que se você precisa de uma hashtag pra te lembrar disso, talvez o problema seja a maneira como você pensa. Aliás, se você precisa de uma SÉRIE que te diga "hey, não seja babaca", você é parte do problema.

E eu gostei da série. Acho que trata a vida de uma maneira bem real. Pessoas fazem fofocas que talvez machuquem outras pessoas que acabam machucando a si mesmas. Pessoas colocam a culpa das coisas em outras pessoas, porquê ela precisa ser de alguém.

Mas uma das coisas que me incomoda nessa série, e no livro, e talvez na hashtag é pensar que as pessoas são motivos.
Sim, situações e abusos levam pessoas a cometer suicídio. Isso é fato e eu não quero relativizar abusos. Se você for babaca e abusivo você vai machucar outra pessoa e talvez ela cometa suicídio.

Só que no fim, a própria pessoa pois fim a própria vida. Talvez ela não tenha buscado ajuda, por falta de oportunidade ou por não ter conseguido. As vezes é fisicamente impossível. Talvez ela tenha sofrido abusos que a levaram a tomar aquela decisão.

Depressão é uma doença e abusos podem levar a ela. Mas é uma doença e nem sempre nós, pessoas que não são treinadas para detectá-la, conseguimos reconhecer os sinais. E para mim apontar o dedo e dizer "a culpa é sua que ela se matou" é... Fácil? E cruel.

Ninguém aponta o dedo falando "você não descobriu que ele tinha cancer alguns meses atrás!". E depressão não pode ser detectada num exame de sangue.

Talvez eu pense desse jeito por conhecer pessoas que tiraram a própria vida e me perguntar continuamente se tinha algo que eu poderia ter feito. A culpa e os pensamentos te remoem, mesmo quando a culpa não é sua. Aliás "não foi minha culpa" é uma coisa que demora muito tempo para você assimilar.

É claro que ser babaca pode te fazer levar uma parte da culpa. Se você estupra uma moça, ignora seus pedidos de socorro e a ridiculariza, uma parte da culpa é sua sim. Só que para mim, uma pessoa assim não vai mudar tão facilmente. Na grande maioria dos casos, uma pessoa que pensa que estuprar alguém é ok não vai se arrepender porque ela se matou depois.

E aí a culpa acaba caindo nas pessoas que não tem nenhuma. Em quem não viu os sinais. Em uma pessoa que acabou passando tempo demais com o namorado e negligenciou a amiga. Em outra pessoa que não soube como ajudar. Em um professor que atolado de trabalho não conseguiu dar a ajuda necessária.

A pessoa que tem culpa vai provavelmente arrumar desculpas na sua cabeça. Talvez ela tente se redimir (acho improvável).
E a pessoa que não tem culpa vai ser arrastada pra aquele buraquinho, pensando no que poderia fazer de diferente. A resposta é: quase nada. E mesmo que tivesse, o que você pode fazer agora? Apenas tentar melhorar da próxima vez.

Moral da história:
Não seja babaca.
Não faça bullying.
Preste atenção nos sinais.
Mas se lembre que você raramente poderia ter feito alguma coisa. A culpa não é sua.

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